Feira de Bologna – Stand do Brasil

Nesse vídeo, eu mostro o stand do Brasil, e a Jabuteca.

A Feira de Bologna reúne milhares de pessoas, unidas com o propósito de divulgar o livro infantil, permitir parcerias, vendas de direitos de reprodução… e por isso, inúmeros países estavam presentes.

Como foi a Feira de Bologna

De 8 a 11 de Abril, houve a Feira Internacional do Livro Infantil de Bologna, na Itália, e tive a oportunidade de estar lá pela segunda vez.

Fiz uma série de 5 pequenos vídeos, contando em cada um pouco sobre a feira. Nos próximos dias, vou postar os outros vídeos.

Ilustração é Essencial

É um fato que, uma área que não pode prescindir da ilustração são os livros infantis.

E é principalmente nessa área que eu atuo, por isso decidi escrever um pouco sobre isso também.

Às vezes surgem questionamentos sobre os livros infantis, se são necessários tantos livros, se vão perdurar no tempo, se os de hoje são melhores que os de antigamente… Como o número de publicações cresceu exponencialmente, há muitas críticas e dúvidas sobre a qualidade da literatura infantil.

A verdade é que sempre houve coisa boa e coisa “nem tanto”. Em todas as épocas houve alguém que pensava diferente, às vezes sendo até à frente do seu tempo, e outras publicações que geraram críticas e morreram depois de um certo período. Alguns clássicos tem seu público até hoje, como Cecília Meirelles, uma das minhas preferidas, presença constante nos meus livros didáticos de infância. Posso dizer que me influenciou bastante.

Os livros infantis são muito importantes para o desenvolvimento da criança. É através deles que elas entram em mundos imaginários, e com o qual conseguem “entender” o mundo real. Como leio muito, gosto de livros de ficção que me dão insights sobre a vida, sobre desenvolvimento do personagem, como ele ou ela lidou com seus problemas e quais estratégias utilizou para vencer aqueles obstáculos que o impediam de chegar ao seu objetivo.

E, embora não devamos nos limitar a isso, acho que histórias assim ajudam o pequeno leitor a compreender melhor o mundo, como vencer os seus pequenos obstáculos, como lidar com problemas do universo infantil. Particularmente, esse tipo de história é uma preferência minha. Gosto também de livros que, apesar de dar dicas sobre algo durante o livro, me surpreendem no fim do livro. 

Outro ponto importante do livro infantil é que ele ajuda a criança a entender outros pontos de vista, abrir o seu leque de possibilidades, conhecer outras realidades. Também apresenta a linguagem escrita e o quão importante ela é para o mundo. A criança que lê tem muito mais possibilidades e oportunidades na vida.

Mas a leitura não tem como objetivo só ensinar, mas também ser motivo de prazer, entretenimento, entre outros. Há algum tempo eu fiz a ilustração abaixo, para mostrar que o livro não é um mero objeto e que possibilita experiências para o leitor. Somos seres humanos, e adoramos uma história. Quem nunca foi a alguma palestra e no fim nem lembrava do que foi falado, mas lembrava com detalhes de alguma história que o palestrante contou? As histórias nos ajudam a entender conceitos, e por isso que Jesus usava parábolas para ensinar.

As imagens falam – realmente – mais que mil palavras. É fato que uma imagem mostra muito além, impacta muito mais. A imagem é essencial na comunicação. É impossível, a meu ver, descrever algo e todo mundo visualizar do mesmo modo. Mas com a imagem, temos uma ideia melhor do que, quem conta, quer dizer.

O livro infantil possibilita a apresentação de outros mundos à criança. Muitas crianças só vão conhecer outros lugares e culturas através do livro. E o livro infantil é o primeiro passo em direção a esse interesse. O livro incita a curiosidade, apresenta palavras novas, auxilia a comunicação entre pais e filhos, ensina atitudes e auxilia a criança a questionar sobre assuntos que ela tem curiosidade. Com diz na imagem que criei: o livro proporciona aventuras, diversão, fantasia, entretenimento, romance, emoção, conhecimento… apresenta outras culturas, novas ideias, diverte, ensina, capacita, transformação de vidas…

Às vezes uma editora deseja atingir um determinado público alvo, ou lançar um livro sobre um tema que é atual, e isso acaba levando a uma certa moda na temática. Vejam os livros de colorir, por exemplo, que bombaram há um tempo atrás. Todo mundo queria publicar algo do gênero e foi uma febre. Mas há editoras que tem sua própria linha editorial e que prefere se manter nela. Algumas editoras preferem livros que tenham conteúdo educacional, mas que não são didáticos. São livros paradidáticos, que auxiliam no aprendizado.

Quem geralmente define a compra são os adultos, portanto o livro tem que ser atraente não somente ao público infantil. Ultimamente, como as crianças não tem mais tanta possibilidade de se divertir nas ruas, em parques, e com outras crianças, devido aos tempos modernos, alguns pais preferem livros que a criança goste bastante e ocupe o tempo dela de modo educativo. Afinal, os pais querem o melhor para seus filhos e não tem interesse que a criança fique o dia todo assistindo tv ou na internet. Por isso, se um livro interessa bastante a uma criança, e o conteúdo é agradável aos pais, as chances de sucesso são maiores.

Embora alguns escritores defendam que as crianças tem que ler além daquilo que é considerado ‘seguro’ e ‘conservador’, percebo que há uma grande, forte mesmo, tendência dos pais adquirirem livros que não tenham assuntos polêmicos e que os filhos possam ler sem supervisão. Como alguns não tem tempo de pesquisar quais livros estão de acordo com o que acreditam, muitos preferem delegar, o que alavancou a demanda por empresas que vendem pacotes de livros, enviando todo mês um ou mais exemplares, todos já analisados e aprovados por especialistas em literatura infantil.

Isso é muito conveniente, não só pelo fato de facilitar a vida dos pais, mas também porque enviam livros que às vezes não se encontram em grandes livrarias, ou que estão tão escondidos nas prateleiras que não é possível imaginar que sequer existam.

Dito tudo isso, se alguém deseja publicar um livro, pode se beneficiar das tendências e aproveitar para escrever sobre algo que seja comercializável. É claro que existem escritores que não desejam se ‘moldar’ por esses padrões, e querem ser ouvidos, não importa se agradam ou não aos leitores (ou pais deles). São escolhas distintas e há quem encontre editores que estejam dispostos a publicar histórias que saiam dos padrões. Algumas, como a sueca Pippi Meialonga, foi um choque cultural para a época. Hoje, já adaptada, virou um sucesso mundial.

A verdade é que nunca se sabe o que vai ser um sucesso ou não. Depende de uma série de fatores e também de muita divulgação. A história pode ser ótima mas as crianças podem vir a não se conectar com as ilustrações. Ou as ilustrações podem ser um sucesso mas a história não prender a atenção da criança. Ou ambas são ótimas, mas a época de lançamento não ser a mais adequada. Ou até mesmo o livro ser maravilhoso e acabar esquecido no depósito da editora porque o escritor não é tão famoso ou carismático e ninguém se interessa pelo livro dele.

Enfim, a leitura de um livro infantil é mais que um momento em que você está passando os olhos por palavras e figuras. Entre pais e filhos, é um momento de troca de experiências, de se conhecer mais profundamente, de auxiliar a criança e lidar com os próprios problemas e inquietações. E é uma oportunidade maravilhosa de iniciar um hábito para a vida toda. 🙂

Clientes? Planejamento e Estruturação


Clientes, clientes, clientes… Como conseguir clientes?

Uma das coisas que mais aflige o ilustrador é conseguir clientes para seu trabalho de ilustração.

Em primeiro lugar, é importante entender que ilustrar e prospectar clientes são dois trabalhos diferentes, e é, sim, complicado ter que deixar o seu trabalho de ilustrar para focar em conseguir clientes.

Eu sei bem disso porque sou formada também em Adminstração, pela UFPR, e antes de me tornar ilustradora, eu trabalhava justamente na área comercial de uma grande empresa. Eram umas 40/50 pessoas só para realizar vendas.

Se uma empresa tem a área de produção e de venda, além de tantas outras, já vemos que vender é algo que requer dedicação exclusiva e, portanto, já começa aí uma das dificuldades. Afinal, somos “uma só pessoa”, e nem sempre quem tem habilidade no desenho, tem habilidades comerciais.

A segunda dificuldade é tempo: se estivermos procurando clientes, estamos deixando de ilustrar, que é, na verdade, nosso sonho. Quem ilustra sonha em ficar o dia todo ilustrando.

E é por isso que existem agentes literários em alguns outros países. Para que o ilustrador foque naquilo que ele é bom e o agente foque em vender o trabalho dele.

Mas como eu sempre digo: aqui no Brasil, não temos agentes, e quem tem que fazer todo esse trabalho é “a gente” mesmo.

Por isso, vou dar algumas dicas que podem facilitar a vida de quem está procurando clientes em nossa área.

·        Decida o que você quer

Somente sabendo exatamente o que queremos é que vamos tomar atitudes em direção a esse objetivo.

Que tipo de ilustração você quer fazer? Com quais clientes sonharia trabalhar?

Há ilustradores que querem trabalhar com ilustração infantil, há outros que querem trabalhar com quadrinhos, ilustração botânica, científica, publicitária, estampas, etc…

Em qual – ou quais – mercados deseja atuar?

Que tipo de trabalha você mais gosta de fazer?

Quais os tipos de pessoas ou empresas com as quais gostaria de trabalhar?

Com quais tipos de projetos gostaria de trabalhar?

Pesquise. Se não empregar tempo para aprender e conhecer, vai perder mais tempo mandando seu trabalho para clientes que não estão interessados. Quanto mais souber sobre o mercado, mais equipado estará para decidir e optar em qual deles deseja trabalhar.

De que adianta fazer propaganda de churrascaria para vegetarianos?

Analise o seu estilo e veja em qual mercado ele tem valor. Não adianta fazer caveiras e tentar entrar no mercado de livros infantis. É verdade! Eu já recebi uma mensagem de um ilustrador que só tinha caveiras no portfólio e queria saber por que não conseguia entrar no mercado de ilustrações de livros infantis.

Para finalizar, isso não é preto no branco. Sempre é possível alterar o caminho ou pegar atalhos.

Uma grande vantagem dos ilustradores é que fazem uma ilustração personalizada, que atende às demandas específicas dos clientes. Ilustrações em bancos de imagens não fazem isso, e às vezes até são tão generalistas, que chegam a retratar o que é caricato, e não o que é verdadeiro.

·        Clientes qualificados

Quando estiver trabalhando com clientes, algo que devemos ter como objetivo é trabalhar com aqueles que chamo de qualificados: são os que conhecem o trabalho do ilustrador e o valorizam, que não o veem somente como alguém que faz ‘desenhos’, mas que oferece uma solução personalizada para o cliente.

Aqueles que não valorizam o seu trabalho, que pagam pouco, exigem muito do ilustrador, para poder ‘fazer valer o que estão pagando’ é o que chamo de clientes não qualificados. Alguns chegam a ser mal educados, comparam o seu trabalho com o de colegas e tentam diminuir o que você faz, para tentar conseguir mais por menos.

Já trabalhei com esses dois tipos de clientes, e com os anos, já cheguei a quase detectar os mesmos nas entrelinhas dos e-mails que recebo solicitando orçamentos.

Claro que isso nem sempre é possível, mas hoje já consigo dar respostas adequadas para alguns, pois já lidei com várias situações e com muitos tipos de pessoas. Para esse tipo de cliente, o melhor é sempre prevenir. Algumas situações e suas possíveis soluções:

. Cliente quer mais ilustrações sem oferecer compensação financeira

Faça contrato antes de começar o trabalho. O combinado não sai caro. Assim, o cliente não tem argumento, pois está tudo preto no branco.

. Cliente menospreza ou critica o seu trabalho para conseguir mais pelo mesmo valor

Nesse caso, que já aconteceu comigo, eu acabei informando o cliente que ele poderia então contratar outra pessoa, já que o meu trabalho não era o que ele queria e até devolvi o sinal. Por sorte, ele não tinha ainda assinado o contrato. Caso tivesse assinado, acho que aí eu teria que terminar o trabalho e aguentar até o fim.

Eu tinha começado o trabalho sem contrato porque ele tinha vindo de uma excelente indicação.

E quando informei que não faria mais e que iria devolver o sinal, ele ficou bem chateado e tentou me convencer a continuar.

Acho que se arrependeu, mas viu que não pode tratar os outros de qualquer jeito. Hoje eu já deixo tudo bem claro em contrato e não começo mais sem ter o mesmo assinado e o sinal depositado.

Na verdade, o que acontece geralmente é que, aqueles que pagam melhor são os que mais valorizam o seu trabalho. Essa valorização se reflete no fato de que consideram você como um ser pensante, que tem ideias a oferecer, que conhece o seu trabalho e sabe o que fazer para apresentar a melhor representação visual para a ideia, conceito ou mensagem que eles desejam passar.

Por isso que sou contra preços muito baixos, pois vão atrair clientes que pagam pouco. E os que pagam melhor, ficarão na dúvida se o seu trabalho é bom mesmo. Pois o que tem valor, tem custo.

Cliente que vem por preço, vai embora por preço também. Ele não é fiel.

No início, vamos passar por muita coisa assim, até conseguir experiência que vai mostrar os indícios do que é bom e do que é ruim. Principalmente se você precisa muito pagar as contas e não pode se dar ao luxo de escolher trabalhos.

Com o tempo, vai entender o que estão dizendo pela forma como as pessoas escrevem.

Por exemplo, uma vez um editor de uma pequena editora entrou em contato comigo. Queria que eu apresentasse um orçamento para uma história. Li o texto e enviei o orçamento.

A forma como ele responderu me deu a impressão de que ele não queria me dizer que não pagaria o que eu havia pedido, pois respondeu: ‘antes de discutir os valores, queria saber se eu estava disponível imediatamente’. Isso me mostrou que, além dele achar que o meu trabalho não valia o que eu tinha pedido, ele queria urgência. Ou seja, ele estava abrindo um precedente para me dispensar.

Ao perceber isso, eu mesma já deixei claro que só poderia começar depois que terminasse meus outros projetos e que não poderia atendê-lo na data em que ele queria.

Muitos clientes querem urgência e não entendem que não se trata apenas de um desenho, mas que, assim como produzir um texto leva tempo, produzir uma ilustração requer pesquisa, esboços, avaliar composições, refletir sobre como devemos apresentar a história, padrões de cores que vão transmitir uma mensagem também, criação de personagens…

Foque na base para conseguir mais clientes

Antes de mais nada, é importante saber que, não importa o que você faça para conseguir clientes, se não tiver sua carreira minimante estruturada, não há propaganda que faça você manter o cliente.

Você pode até fazer contatos, propaganda, ir a eventos… mas quando o seu cliente vir que você não tem portfólio, ou ele deixa a desejar, mesmo que ele estivesseve muito interessado, ele vai desanimar e irá procurar um profissional em outro lugar.

Muita gente me pergunta: eu desenho bem, mas não consigo clientes. Será que não falta um portfólio, narrativa visual, composição, estilo?

Uma vez que a base esteja estruturada, a melhor forma de conseguir bons clientes e poder escolher é criar o maior número de possibilidades possível. Ou, como diria meu pai: quem arma mais arapucas, pega mais passarinhos. É um ditado antigo, e parece que estamos armando uma ‘armadilha’, então é um pouco pejorativo. Porém, expressa bem que devemos semear, semear, semear. E só semeando muito é que teremos uma farta colheita.

Mas antes de semear, temos que arrancar o mato, as ervas daninhas, preparar e nutrir o solo. Então, devemos semear e aguardar o tempo certo para começar a colher.

Quanto mais oportunidades criar, mais ofertas de trabalho vão aparecer. E aí você poderá escolher com qual deseja trabalhar. Além disso, não estar disponível mostra que o seu trabalho é ‘escasso’, que as pessoas querem trabalhar com você e que outros te valorizam. É igual a uma churrascaria de beira de estrada: paramos onde tem mais carros e caminhões. Se muita gente procura o seu trabalho, o cliente que não conseguiu fechar com você porque você já tem outro trabalho, vai valorizar ainda mais o que você faz.

Por isso, embora possamos aceitar todo tipo de trabalho, devemos focar naqueles que pagam mais, que são mais prazerosos de fazer (eu não pego projetos em que não acredito), que as pessoas sejam ao menos educadas, que falem ou escrevam para mim de forma que eu não seja mais uma ilustradora qualquer no mundo, num nicho que, competitivo ou não, eu possa ter um trabalho que seja único e diferenciado.

Dizem que a vida é muito curta para fazer o que não se gosta. Mas vou além: a vida é curta para passar tempo trabalhando com quem não gosta também.

Porém, mesmo que a pessoa com quem vamos trabalhar seja mais difícil de lidar, há que se ter equilíbrio: se pagam bem e você faz o que gosta, às vezes vale a pena lidar com clientes mais exigentes.

Muitos ilustradores dizem que é difícil encontrar trabalho. De fato, para iniciar é difícil mesmo. Mas já foi pior. Hoje o mundo está muito mais conectado e as possibilidades são infinitas.

Entretanto, há ilustradores que não tentam melhorar seu trabalho, não se desenvolvem, não fazem uma boa propaganda de si mesmos. Já conheci gente que nem sabia desenhar e dizia que era ilustrador.

Alguns acham que ilustração para livros infantis é ilustração “infantil”. Desenham qualquer coisa, sem pensar na narrativa visual, sem pensar na composição, sem pensar na mensagem, fazem só personagens, sem contexto, e não se concentram em quem vai receber a mensagem, que é o leitor. Pensam que de qualquer jeito está bom.

Ora, o desenho é uma das habilidades que um ilustrador tem que ter. Ele não precisa fazer um desenho acadêmico, nem ter nascido com talento, mas tem que ter vontade de aprender mais técnicas, mais competências, mais habilidades, enfim, fazer um trabalho de qualidade.

Se você está sem trabalho, será que não está faltando alguma coisa? Será que está pronto(a) para atuar?

Pode ser que você seja um exímio desenhista, mas quem te contrataria não sabe que você existe. Ou então, você desenha muito bem, mas seus desenhos não tem componentes necessários para transmitir a mensagem que o cliente quer. 

Assim como um designer não é quem somente saber usar um programa de computador, mas precisa de conhecimentos extras para fazer um cartaz ou um livro, por exemplo, o mesmo acontece com o ilustrador. É preciso se desenvolver, aprender mais, se tornar alguém que conhece a profissão e o mercado a fundo.

E isso requer dedicação e vontade. Não podemos colocar a culpa no cliente. Se tem mercado, tem concorrência, e ele vai escolher quem estiver mais preparado.

Lembre-se: o ilustrador trabalha remotamente e tem, literalmente, um mundo de possibilidades.

Iustrado final de semana!

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Clientes e Ilustração

Ilustrações tem várias finalidades: às vezes, só decoram um produto para deixar ele mais atrativo. Outras vezes, são usadas para contar uma história, transmitir uma ideia ou um conceito e também para vender mais, pois uma ilustração pode atrair mais consumidores.

Mas em geral, mais do que contar uma história, seu cliente quer criar uma narrativa que atraia o cliente dele, o que muitos chama de storytelling. Quando um ilustrador faz uma capa, a intenção é que ela ajude o livro a vender. Tem que agradar ao autor, ao editor e ao ilustrador, mas no fim, quem vai adquirir o livro é o leitor, e muitas vezes o editor procura algo que agrade mais ao cliente dele do que a ele mesmo.

Hoje são inúmeros os ilustradores que existem em nosso país e a concorrência é grande. O trabalho do ilustrador nem sempre é tão valorizado. Com o advento dos bancos de imagens e da inteligência artificial, a gente pode ficar desestimulado, porque acha que vai ser difícil ser notado.

Por outro lado, o nosso mundo vive de imagens. Um artigo, seja escrito ou online, tem que ter uma imagem. Portanto, ainda há muito mercado para quem está produzindo. Além disso, as imagens de inteligência artificial tem a fama de serem ‘sempre iguais’, o que faz com que as pessoas tenham começado a valorizar mais o que é feito a mão. Na verdade, nos Eua, a ilustração digital tem a fama de ser mais fácil e ligeiramente desvalorizada no campo da literatura infantil.

A Feira do Livro de Bologna, mundialmente conhecida e uma das mais relevantes na área de ilustração de livros infantis, promove um concurso anual de ilustrações. Você sabia que 90% das ilustrações enviadas são ainda feitas em técnicas tradicionais. Isso quer dizer que, embora muita gente faça ilustração digital, a ilustração tradicional ainda tem mais mercado em ilustração infantil.

O que muitos artistas tem feito, na área de ilustração infantil, seja nos EUA ou na Europa: ilustração tradigital, ou seja, misturamos técnicas tradicionais com digitais, dando um resultado similar ao da ilustração digital, mas com características de tradicional. Eu também faço ilustração tradicional, mas faço ajustes digitalmente, o que é importante quando você envia sua ilustração para o cliente.

Nos EUA, os ilustradores costuma conseguir clientes através de agentes. Em nosso país não temos sempre presente a figura do ‘agente’, como nos EUA e na Inglaterra. Nos outros países da Europa, não é costume ter intermediários entre ilustrador e editores.

Mas nos Eua, por exemplo, o ilustrador faz o seu trabalho e contrata alguém que o represente perante as editoras e clientes. Aqui no Brasil, quem faz tudo é ‘a gente’ mesmo.

Não sei dizer se feliz ou infelizmente, o ilustrador tem que fazer esses dois trabalhos. Por um lado é um custo a menos, (a média que cobram é 15% do que você receber) e por outro temos que reservar tempo para nos preocuparmos em vender o nosso trabalho.

E já ouvi ilustradores internacionais comentarem que até conseguiram um agente, mas mesmo assim, o agente trabalhava mais para outros ilustradores do que para eles e nunca tiveram um trabalho através do tal agente. Por isso, ressalto novamente: um bom portfólio vai fazer até o agente trabalhar mais por você.

A verdade é que não podemos terceirizar nossa carreira. Somos nós mesmos que fazemos o melhor para nós. Ninguém – a não ser talvez nossas mães – está mais interessado em nossos interesses do que nós mesmos. Ninguém vai fazer mais por você do que você mesmo.

Por isso, ninguém melhor do que nós mesmos para correr atrás dos nossos sonhos.

Mas como conseguir clientes em ilustração?

O cliente é uma figura muito importante na vida do ilustrador. Na verdade, o cliente é tão importante que existem graduações e pós-graduações só para entender o comportamento do consumidor. As grandes empresas investem em pesquisas para que possam cada vez mais atender melhor a sues consumidores e clientes. Há até ferramentas de neurociência para entender o que faz um cliente comprar de uma pessoa e não de outra, e o que o estimula mais a comprar.

Todo mundo é cliente de alguma coisa. Sem o cliente, não existe trabalho; sem trabalho, não há relação comercial; e é isso que o ilustrador profissional tem que saber. É essencial ter boas relações com todos os seus clientes e seus prospectos, que são os seus possíveis futuros clientes.

Antigamente, um cliente procuraria um ilustrador nos seus arquivos, onde encontraria uma porção de portfólios e escolheria entre aqueles que se aproximassem da ideia que ele tinha em mente para aquele determinado trabalho.

Atualmente, se ele já não tiver em mente alguém que ele conhece, com quem já trabalhou e em quem ele confia, na maioria das vezes ele irá procurar na internet.

Mas muitas vezes preferem trabalhar com um grupo limitado, com estilos diferentes, para diminuir o trabalho de escolha e trabalhar com quem já sabe o processo.

Mesmo em portfólios digitais, nem sempre o cliente tem tempo de ficar olhando todos os ilustradores. Por isso, prospectar e fazer networking podem ser a melhor forma de garantir trabalho no longo prazo.

E mesmo que ele conheça um ilustrador e já tenha trabalhado com ele, ainda assim pode querer ver o seu portfólio atual para se certificar de que o seu estilo ainda continua de acordo com o que ele imaginou – e precisa – para aquele determinado trabalho.

Minha experiência: Coincidentemente, enquanto estava escrevendo essa postagem, um editor me escreveu para solicitar um orçamento. Eu já fiz vários trabalhos para essa editora. Mesmo assim, ele solicitou um portfólio atualizado. Enviei logo após a solicitação, porque já tinha pronto em PDF e também enviei o link para meu site, que também está atualizado.

Ter relacionamento com pessoas da área é importantíssimo. Muitas parcerias em livros acontecem entre amigos, conhecidos, e até pessoas que você encontrou num café. Não subestime os pequenos começos. Pessoas que parecem ter apenas uma ideia podem ter e conhecer os meios para publicar um livro e às vezes só estão em busca de um ilustrador.

Ilustrado final de semana!

Minha página oficial: www.ingridosternack.com.br