Bienal de Arte Cristã

No feriado de Corpus Christi, aconteceu em Curitiba a primeira Bienal de Arte Cristã e participei como palestrante, dando uma oficina de pintura.

Foi um evento maravilhoso, onde pudemos constatar como a arte é usada para honrar e servir a Deus de várias formas.

No meu caso, fizemos uma pintura coletiva. O objetivo é mostrar que tudo que fazemos na igreja, fazemos em grupo. Não há uma igreja (e não me refiro ao templo), se não houver uma comunidade que se relaciona e constroi coletivamente.

Veja no vídeo como foi a oficina e o resultado.

Contratos de Ilustração

Muita gente fica em dúvidas sobre contratos de ilustração. E há muita polêmica sobre esses contratos, pois cada cliente interpreta o trabalho do ilustrador de modo diferente.

Há quem diga que o ilustrador é autor de imagem, o que eu concordo, e portanto o contrato é de cessão de direitos autorais.

E há quem diga que o ilustrador presta um serviço, portanto, o contrato é de prestação de serviços.

E também tem quem diga que o contrato é de reprodução da imagem criada pelo ilustrador.

Enfim, isso já deu bastante debate e eu não vou entrar nesse mérito. Vou falar aqui do tipo de contrato que grande parte das editoras utiliza, que é o de cessão de direitos autorais de ilustração. Há autores e ilustradores que não concordam com esse tipo de contrato, e não vou entrar no debate, mas apenas falar sobre o tipo de contrato que é praxe.

Antes de saber mais sobre contrato, vou falar sobre os DIREITOS AUTORAIS.

Direitos Autorais

 O que significa um contrato de cessão de direitos autorais?

Os direitos autorais são os direitos que você tem como autor de imagem, em nosso caso, da ilustração.

Para melhor compreensão, vamos separar os direitos autorais em direitos autorais em morais e patrimoniais.

Os direitos autorais morais são os direitos que você tem de ser reconhecido como ‘criador da obra’. Por mais que outra pessoa ou instituição tenha a posse e propriedade de uma obra sua, você é reconhecido como o autor da obra e ponto final. Pelas leis brasileiras, isso é instransferível.

Já os direitos patrimoniais são os direitos que você vende ou transfere. É o que acontece quando você cede seus direitos para a editora utilizar suas ilustrações num livro. Algumas editoras fazem esse contrato com validade para 5, 10 anos ou até mesmo indeterminado. Cada caso é um caso e você tem que avaliar bem o que cada editora está propondo na minuta do contrato.

Podem ser cedidos para uso em território nacional ou internacional. Podem ser cedidos para uso somente no livro em questão ou então para itens promocionais também, como marcadores de livros, banners, catálogos, etc. Podem ser cedidos para mídias que já existem, e tem até contratos que dizem ‘mídias a serem ainda inventadas’. Tudo isso depende de cada caso e cliente, e definido em contrato entre ambas as partes.

 

Preciso Fazer Um Contrato De Ilustração?

 Há ilustradores que trabalham sem contrato, apenas conversando por email ou até whatsapp.

Entretanto, como você vai garantir que vai receber se não fizer um contrato?

Por isso, quando você for contatado para produzir ilustrações, é imprescindível fazer um contrato entre as partes. Eu diria melhor: inegociável. Se um cliente não quer assinar um contrato, para mim isso já faz acender o sinal amarelo.

Dependendo da editora, você pode enviar a eles o seu modelo de contrato. Em outros casos, eles mesmos vão lhe enviar a minuta deles para você analisar e pode ser que a editora só aceite trabalhar com o ilustrador se ele aceitar os termos deles.

Aí cabe a você a decisão, caso você queira muito fazer esse trabalho. Mas para poder decidir, tem que conhecer os seus direitos e deveres, a fim de conhecer o que é aceitável ou não.

Via de regra, 99,9% das editoras são bem corretas e também efetuam os pagamentos conforme a data combinada. Mesmo assim, é importante saber os seus direitos para que você consiga negociar caso o contrato não seja o ideal para você.

Além de um valor pela execução do trabalho, existe a possibilidade de se prever uma porcentagem sobre as vendas também, mais comum em casos de edições posteriores.

—-

Se essa postagem te ajudou, escreva algo nos comentários, para eu saber. Obrigada por ler!

Feira de Bologna – Stand do Brasil

Nesse vídeo, eu mostro o stand do Brasil, e a Jabuteca.

A Feira de Bologna reúne milhares de pessoas, unidas com o propósito de divulgar o livro infantil, permitir parcerias, vendas de direitos de reprodução… e por isso, inúmeros países estavam presentes.

Como foi a Feira de Bologna

De 8 a 11 de Abril, houve a Feira Internacional do Livro Infantil de Bologna, na Itália, e tive a oportunidade de estar lá pela segunda vez.

Fiz uma série de 5 pequenos vídeos, contando em cada um pouco sobre a feira. Nos próximos dias, vou postar os outros vídeos.

Ilustração é Essencial

É um fato que, uma área que não pode prescindir da ilustração são os livros infantis.

E é principalmente nessa área que eu atuo, por isso decidi escrever um pouco sobre isso também.

Às vezes surgem questionamentos sobre os livros infantis, se são necessários tantos livros, se vão perdurar no tempo, se os de hoje são melhores que os de antigamente… Como o número de publicações cresceu exponencialmente, há muitas críticas e dúvidas sobre a qualidade da literatura infantil.

A verdade é que sempre houve coisa boa e coisa “nem tanto”. Em todas as épocas houve alguém que pensava diferente, às vezes sendo até à frente do seu tempo, e outras publicações que geraram críticas e morreram depois de um certo período. Alguns clássicos tem seu público até hoje, como Cecília Meirelles, uma das minhas preferidas, presença constante nos meus livros didáticos de infância. Posso dizer que me influenciou bastante.

Os livros infantis são muito importantes para o desenvolvimento da criança. É através deles que elas entram em mundos imaginários, e com o qual conseguem “entender” o mundo real. Como leio muito, gosto de livros de ficção que me dão insights sobre a vida, sobre desenvolvimento do personagem, como ele ou ela lidou com seus problemas e quais estratégias utilizou para vencer aqueles obstáculos que o impediam de chegar ao seu objetivo.

E, embora não devamos nos limitar a isso, acho que histórias assim ajudam o pequeno leitor a compreender melhor o mundo, como vencer os seus pequenos obstáculos, como lidar com problemas do universo infantil. Particularmente, esse tipo de história é uma preferência minha. Gosto também de livros que, apesar de dar dicas sobre algo durante o livro, me surpreendem no fim do livro. 

Outro ponto importante do livro infantil é que ele ajuda a criança a entender outros pontos de vista, abrir o seu leque de possibilidades, conhecer outras realidades. Também apresenta a linguagem escrita e o quão importante ela é para o mundo. A criança que lê tem muito mais possibilidades e oportunidades na vida.

Mas a leitura não tem como objetivo só ensinar, mas também ser motivo de prazer, entretenimento, entre outros. Há algum tempo eu fiz a ilustração abaixo, para mostrar que o livro não é um mero objeto e que possibilita experiências para o leitor. Somos seres humanos, e adoramos uma história. Quem nunca foi a alguma palestra e no fim nem lembrava do que foi falado, mas lembrava com detalhes de alguma história que o palestrante contou? As histórias nos ajudam a entender conceitos, e por isso que Jesus usava parábolas para ensinar.

As imagens falam – realmente – mais que mil palavras. É fato que uma imagem mostra muito além, impacta muito mais. A imagem é essencial na comunicação. É impossível, a meu ver, descrever algo e todo mundo visualizar do mesmo modo. Mas com a imagem, temos uma ideia melhor do que, quem conta, quer dizer.

O livro infantil possibilita a apresentação de outros mundos à criança. Muitas crianças só vão conhecer outros lugares e culturas através do livro. E o livro infantil é o primeiro passo em direção a esse interesse. O livro incita a curiosidade, apresenta palavras novas, auxilia a comunicação entre pais e filhos, ensina atitudes e auxilia a criança a questionar sobre assuntos que ela tem curiosidade. Com diz na imagem que criei: o livro proporciona aventuras, diversão, fantasia, entretenimento, romance, emoção, conhecimento… apresenta outras culturas, novas ideias, diverte, ensina, capacita, transformação de vidas…

Às vezes uma editora deseja atingir um determinado público alvo, ou lançar um livro sobre um tema que é atual, e isso acaba levando a uma certa moda na temática. Vejam os livros de colorir, por exemplo, que bombaram há um tempo atrás. Todo mundo queria publicar algo do gênero e foi uma febre. Mas há editoras que tem sua própria linha editorial e que prefere se manter nela. Algumas editoras preferem livros que tenham conteúdo educacional, mas que não são didáticos. São livros paradidáticos, que auxiliam no aprendizado.

Quem geralmente define a compra são os adultos, portanto o livro tem que ser atraente não somente ao público infantil. Ultimamente, como as crianças não tem mais tanta possibilidade de se divertir nas ruas, em parques, e com outras crianças, devido aos tempos modernos, alguns pais preferem livros que a criança goste bastante e ocupe o tempo dela de modo educativo. Afinal, os pais querem o melhor para seus filhos e não tem interesse que a criança fique o dia todo assistindo tv ou na internet. Por isso, se um livro interessa bastante a uma criança, e o conteúdo é agradável aos pais, as chances de sucesso são maiores.

Embora alguns escritores defendam que as crianças tem que ler além daquilo que é considerado ‘seguro’ e ‘conservador’, percebo que há uma grande, forte mesmo, tendência dos pais adquirirem livros que não tenham assuntos polêmicos e que os filhos possam ler sem supervisão. Como alguns não tem tempo de pesquisar quais livros estão de acordo com o que acreditam, muitos preferem delegar, o que alavancou a demanda por empresas que vendem pacotes de livros, enviando todo mês um ou mais exemplares, todos já analisados e aprovados por especialistas em literatura infantil.

Isso é muito conveniente, não só pelo fato de facilitar a vida dos pais, mas também porque enviam livros que às vezes não se encontram em grandes livrarias, ou que estão tão escondidos nas prateleiras que não é possível imaginar que sequer existam.

Dito tudo isso, se alguém deseja publicar um livro, pode se beneficiar das tendências e aproveitar para escrever sobre algo que seja comercializável. É claro que existem escritores que não desejam se ‘moldar’ por esses padrões, e querem ser ouvidos, não importa se agradam ou não aos leitores (ou pais deles). São escolhas distintas e há quem encontre editores que estejam dispostos a publicar histórias que saiam dos padrões. Algumas, como a sueca Pippi Meialonga, foi um choque cultural para a época. Hoje, já adaptada, virou um sucesso mundial.

A verdade é que nunca se sabe o que vai ser um sucesso ou não. Depende de uma série de fatores e também de muita divulgação. A história pode ser ótima mas as crianças podem vir a não se conectar com as ilustrações. Ou as ilustrações podem ser um sucesso mas a história não prender a atenção da criança. Ou ambas são ótimas, mas a época de lançamento não ser a mais adequada. Ou até mesmo o livro ser maravilhoso e acabar esquecido no depósito da editora porque o escritor não é tão famoso ou carismático e ninguém se interessa pelo livro dele.

Enfim, a leitura de um livro infantil é mais que um momento em que você está passando os olhos por palavras e figuras. Entre pais e filhos, é um momento de troca de experiências, de se conhecer mais profundamente, de auxiliar a criança e lidar com os próprios problemas e inquietações. E é uma oportunidade maravilhosa de iniciar um hábito para a vida toda. 🙂