Não perca seu tempo

Quando falamos essa frase, geralmente vem à nossa cabeça a ideia de que estamos fazendo algo que não deveríamos, e nunca o contrário. Do tipo: pare com isso! Não perca seu tempo!

Mas você já parou para pensar que também estamos perdendo tempo quando não fazemos algo?

Quando somos adolescentes, parece que temos todo o tempo do mundo. Dormimos até tarde, ficamos horas sem fazer nada, olhando para o teto, ouvindo música, etc…


Nesses momentos, nem imaginamos que os dias parecem passar devagar, mas o anos voam. Não era ontem que estávamos começando o ano? E já não estamos começando de novo?

Parece que ficamos sempre aguardando alguma coisa acontecer para que a ‘vida’ que sonhamos comece.


Mas a verdade é que a vida está acontecendo, e o tempo está passando, e não volta mais. Eu, que já passei da adolescência (rsrs), vejo qualquer dia como um dia que deve valer a pena. Penso nos dias que vão passando, e nas coisas que ainda quero fazer.


Vejo meus pais idosos, querendo fazer tantas coisas, e se preocupando com o tempo que passa e a saúde que não permite mais…


Cabe a nós nos perguntarmos: estamos aproveitando nosso tempo?

Quando eu era pequena, li num artigo que uma enfermeira perguntava às pessoas muito idosas e doentes do que elas tinham se arrependido na vida. A resposta sempre era: não tem muitas coisas que me arrependo de ter feito, mas tem uma infinidade de coisas que me arrependo de NÃO TER FEITO.


Isso me marcou demais. Pensei: será que um dia vou chegar a uma certa idade e vou pensar: por que não fiz isso antes?


Eu sempre tive vontade de esquiar. E como aqui no Brasil não tem neve (se tem, dura muito pouco e já derrete), é algo que eu teria que me planejar para fazer. Mas o tempo passa e fico pensando: se eu ficar só planejando, será que vai chegar uma hora em que minha disposição não permitirá mais? Será que ficarei enferrujada demais para tentar algo assim? Não existe uma hora perfeita para realizar um sonho. E nesse caso, quanto antes eu realizar, melhor. E espero que seja logo.


Isso me faz pensar também que tem muita gente que ainda está aguardando o momento perfeito para realizar o seu sonho de se tornar ilustrador(a). Mas será que esse momento perfeito vai chegar? Será que não estamos nos iludindo e vamos empurrando com a barriga até o momento em que nossas mãos estarão trêmulas para desenhar?

Eu recebo inúmeras mensagens todos os dias e tento responder a todas. O que mais me perguntam: como faço pra me tornar ilustrador(a)?


Hoje mesmo recebi mais mensagens desse tipo. Já respondi a todas. Mas a minha resposta virá em breve. Decidi que vou fazer uma aula gratuita sobre isso e falar mais sobre o percurso que, na minha opinião, pode levar essas pessoas a realizarem esse sonho.


Se você tem interesse, inscreva-se abaixo para ser avisado da aula.

Por enquanto, não desista dos seus sonhos. Nunca é tarde para fazer aquilo que gostamos.
Vamos vivendo a vida e deixando sonhos para depois… Eu me pergunto: não chegaremos a uma idade em que estaremos arrependidos de não termos corrido atrás dos nossos sonhos, como os idosos doentes que citei anteriormente?


Bem… espero poder tentar esquiar antes de ficar com as articulações doloridas. Rsrs…


E é essa mensagem que tenho hoje: não perca seu tempo precioso.A vida passa. Corra atrás do seu sonho! Gostaria de te incentivar a começar a realizar agora. Não deixe o tempo passar. Dê o primeiro passo. Faça algo por você! Preencha suas horas com significado.

O meu plano é esse: ajudar as pessoas que me escrevem pedindo ajuda. E para começar, vamos fazer essa aula gratuita sobre os primeiros passos para você alcançar o seu objetivo: ser ilustrador(a).


Se você tem interesse, inscreva-se para eu enviar as informações sobre datas em que vou liberar essas aulas. Não tenho intenção em perturbar ninguém, e assim, só envio para quem tem interesse.


Por isso, termino como comecei: Não perca seu tempo. Ele é muito precioso.

Abs e sucesso!


CLIQUE AQUI PARA SE CADASTRAR PARA O WORKSHOP GRATUITO


Ingrid

Planejando sua carreira como Ilustrador

Quando alguém deseja realizar um objetivo ou sonho, geralmente começa a pensar no que precisa fazer para alcançar esse objetivo. Por exemplo, alguém que vai fazer uma festa faz um planejamento e define as tarefas para isso. Começa geralmente com a data, a lista de convidados, define o lugar, a comida, as bebidas, doces, toalhas, mesas, cadeiras, música, fotografia, etc. Dependendo do tema ou motivo, a lista pode ter mais itens ainda.

Do mesmo modo, para planejar uma carreira, é também preciso fazer uma lista (ou um mapa), definir objetivos e datas. É importante determinar quais objetivos deseja alcançar, dentro de um certo período, de modo que, ainda que faça pouco, vá constante e consistentemente dando pequenos passos em direção àquele objetivo.

Se fazemos um planejamento para um evento de um dia, como uma festa, por que não fazer um planejamento e traçar metas para a profissão que vamos exercer a vida toda?

Ingrid Osternack – Ilustradora

1) A primeira coisa que se pode fazer é um mapa ou uma lista de objetivos. Imagine daqui a 5 anos o que gostaria de estar fazendo. Definir uma data limite para si mesmo ajuda muito a ser consistente. Obviamente que os seus objetivos dependem de onde você se encontra hoje. Por exemplo:

Daqui a 5 anos eu:

. estarei formado em artes; ou . terei feito cursos extracurriculares na área de ilustração; ou . estarei com pelo menos 1 – ou mais – livros ilustrados publicados; . terei participado de alguma mostra ou evento de arte; . terei desenhado ou produzido pinturas diária ou semanalmente, gerando assim uma quantidade substancial de obras; . serei um artista reconhecido em minha área; . trabalharei na área de artes e serei bem pago pelo meu trabalho; . terei uma loja que venda minhas artes ou aplicadas em produtos; . terei uma obra em um museu importante; . e por aí vai…

Como eu disse, tudo isso depende do momento em que se encontra. Pode ocorrer também de, no meio do caminho, você desejar mudar seus objetivos, ou até mesmo ampliá-los.

2) Depois disso, é bom você determinar também qual seu objetivo pessoal em relação ao mundo, ou seja: qual o objetivo de minha arte? Pense em algo que tenha impacto – ainda que pequeno – na vida das pessoas. Que marca quer deixar no mundo?

Exemplos: meu desejo é ser reconhecido como um artista em minha cidade natal; ou: quero que minha arte inspire as pessoas; quero fazer parte da infância das crianças; quero que toda casa tenha uma obra minha; quero alegrar a vida das pessoas com minha arte; quero usar recursos que sejam sustentáveis; quero trabalhar somente com mangá; desejo usar meus dons para arte-terapia ou para melhorar a vida de pessoas carentes; gostaria de trabalhar somente com clientes e empresas que tenham valores similares aos meus, etc…

Isso vai ajudar e definir o tipo de clientes que terá e também quais trabalhos aceitará ou não.

3) Quais seriam os passos a tomar para chegar nesses objetivos?

Divida seu grande objetivo em pequenas metas. Muitos percursos são divididos em pequenos trechos. Os períodos escolares não são divididos em 5 aulas à toa. Até mesmo as viagens são divididas em etapas, quando longas. Assim também pode ser sua jornada em direção ao seu sonho. Pense no que precisa fazer para chegar lá e divida em pequenas partes, mas que possam ser feitas em questão de semanas ou meses. Como nós seres humanos geralmente temos a tendência a ser procrastinadores, quanto menor a tarefa, maior a chance de você executar.

Por exemplo:

. Se você deseja trabalhar com licenciamento, faça uma lista de quais lojas virtuais teriam a possibilidade de vender sua arte. . Ou, se você mesmo irá preparar os produtos, onde poderia encontrar fornecedores? Faça contato, visite-os. . Se deseja ilustrar para revistas ou livros, quais publicações ou editoras tem relação com o trabalho que faz? . Que galerias aceitariam as suas obras? Que tal visitar algumas? . Em quais concursos poderia participar? . Que materiais poderia adquirir para realizar seu trabalho? . Há um espaço em sua casa onde possa trabalhar? . Se fosse abrir uma empresa (ou studio), teria um nome diferente ou o seu? . Como iria legalizar sua profissão? Microempreendedor, empresa simples, autônomo? . O que você escreveria em sua biografia? Leia biografias de outros artistas para saber o que escrevem.

Responder a essas questões vai ajudar a visualizar a si mesmo como artista e motivar você a executar cada dia um pouquinho do seu planejamento. E quando menos esperar, estará fazendo o que ama como profissão. 😉

Como iniciar sua carreira de ilustrador

Frequentemente recebo mensagens me perguntando: “o que preciso fazer para me tornar ilustrador”?

Não é uma pergunta fácil de responder, pois cada ilustrador tem seu próprio percurso. Porém, vou citar alguns passos que você pode seguir que considero essenciais.

  1. Desenho versus ilustração

Desenhar e ilustrar estão muito ligados, porém não são exatamente a mesma coisa. Desenhar é produzir uma imagem, seja no papel ou no computador. Ilustrar é transformar um conceito, uma ideia, em um resultado gráfico. Mas para ilustrar, precisamos ter certa habilidade com a produção de imagens. Embora não seja imprescindível você ser um bom desenhista, é importante ter certa habilidade e tem que trabalhar bem com a produção de imagens.

2. Desenhe

Para se tornar ilustrador, o desenho é uma ferramenta importante. Portanto, pratique muito. A prática pode até não levar à perfeição, mas desenvolve pra caramba. Também é possível trabalhar com colagem, técnicas mistas, etc… mas eu diria que o desenho é fundamental para expressar ideias, principalmente se o seu cliente quiser visualizar um conceito antes de você apresentar a arte-final.

3. Digitalize

Se você trabalha com tinta, como eu, é importante que você apresente suas imagens digitalizadas. Há ainda editores que aceitam os originais para eles mesmos digitalizarem mas, por experiència própria, eu mesma prefiro fazer esse trabalho. Uma vez enviei minhas ilustrações para uma editora, pelo correio, pagando o meio mais rápido. A previsão era de 5 dias. Por algum motivo que desconheço, os originais chegaram 59 dias depois. E os correios nem se desculpam. Infelizmente isso prejudicou a data de lançamento do livro. Por sorte eu havia feito a digitalização em casa em alta resolução antes de enviar e pude enviar as minhas. Já imaginou se tivessem extraviado?

Se você não tiver um scanner, pode mandar digitalizar em alguma empresa que faça cópias. Geralmente eles fazem esse trabalho e nem custa muito caro.

4. Estude

Nem todo ilustrador é formado na área de artes ou design. Porém, estudar o mercado, conhecer técnicas, aprender sobre anatomia, história da arte, composição, etc… pode ajudar muito a agilizar o processo de você se tornar ilustrador profissional.

Hoje, com as novas tecnologias, podemos aprender muita coisa sozinhos. Porém, ao fazer um curso, ganhamos tempo, aprendendo com pessoas que já passaram pelos mesmos problemas que nós. E tempo é um recurso que não temos como recuperar.

5. Pesquise

Aprenda mais sobre como os outros ilustradores trabalham. Como solucionam problemas. Como apresentam suas ideas visualmente. Analise estilos e o que fazem que você aprecia. Com o tempo, você vai começar a desenhar incorporando o que mais gostou. E vai criar seu próprio estilo.

6. Portfólio

Depois que tiver feito muuuuuitos trabalhos, escolha os melhores e construa seu portfólio.

7. Divulgue

Divulgue seu trabalho nas redes sociais, faça contatos, envie cópias ilustrações para potenciais clientes. O começo não é fácil. Pode demorar mais de um ano para você conseguir seu primeiro trabalho. Porém, não desista. Tudo que é bom leva tempo.

8. Clientes

Uma vez que você conseguiu seu primeiro trabalho, não esqueça de “colocar tudo preto no branco”, ou seja, tenha um contrato. Analise bem o que está assinando, para que não fique tendo que modificar eternamente uma ilustração, só porque o cliente colocou isso em contrato. Seja profissional e educado. Não fique ofendido com comentários, nem imponha uma ilustração que eles não querem. Isso é prejudicial a você mesmo no longo prazo.

Um cliente contrata um ilustrador para resolver um problema que ele tem. E você faz uma ilustração que é a solução desse problema. Se a sua ilustração não for o que o cliente espera, você não está resolvendo o problema.

Para evitar que você tenha que modificar algum trabalho, apresente rafes para aprovação. Uma vez aprovadas, basta finalizar e entregar.

Como eu falei no início, há muito o que se dizer sobre o universo do ilustrador, mas os passos acima podem lhe dar uma ideia. Eu falo mais sobre isso no meu ebook MANUAL DO ILUSTRADOR INICIANTE, que você pode baixar gratuitamente em Downloads.

Se tiver alguma pergunta, entre em contato! Abs!

Encontrando seu estilo

Muito fala-se atualmente no estilo do artista. É pelo estilo que as pessoas conseguem reconhecer o autor de uma obra de arte, sem nem mesmo ver sua assinatura. Um exemplo forte disso é o estilo do artista Romero Britto. Quem vê, já sabe que as ilustrações tipo vitral, super coloridas, com linhas pretas, pertencem ao pernambucano. Infelizmente, é um estilo que vem sendo muito copiado.

Embora não exista uma regra, abaixo cito algumas dicas para quem ainda se sente inseguro com relação à busca do seu estilo.

1. O seu estilo próprio se revela muito melhor quando você faz arte para agradar a você mesmo

Sempre que mostro meu portfolio para alguém, as ilustrações que mais recebo comentários positivos são as que fiz pensando em agradar a mim mesma. Claro que temos que cumprir o ‘briefing’ de um cliente, mas é fato que, quando não termos a intenção de atingir a expectativa dos outros, conseguimos ficar mais soltos e assim a nossa criatividade flui melhor. Fazemos o que mais gostamos e o trabalho acaba ficando uma expressão mais fiel de nós mesmos.

2. Ir além

Eu gosto muito de me desafiar. Acredito que sempre posso melhorar. E isso é uma característica do artista em geral. Gosto do lema do Buzz Lightyear: ao infinito… e além! 😂 Mesmo trabalhando essencialmente com acrílico, às vezes gosto de tentar outras técnicas. Isso faz com que saia da minha zona de conforto e pode até trazer resultados inesperados. Também pode ser que algum resultado dessa exploração acabe sendo incorporado em minha arte, e isso vai certamente refletir no meu estilo.

3. Procure inspiração

Visitar museus, fazer cursos, observar o trabalho de outros artistas… tudo pode te inspirar a descobrir o que mais gosta numa obra e isso também vai ter impacto em sua arte. Não se trata de cópia, mas o fato de observar o trabalho de outros artistas cria um mix de ideas em seu cérebro que levarão você a fazer algo que pode até vir a ser muito diferente, mas que é só seu. Muitos artistas na história trabalhavam em conjunto ou se encontravam para discutir arte. E muitas vezes isso criou um movimento artístico. Há também artistas que eram discípulos de outros, mas que deram seu toque pessoal ao que faziam. Tudo o que somos é reflexo de uma cultura. Ninguém cria algo do nada. Mas o artista interpreta essa cultura e expressa o que absorve de uma maneira única e individual.

4. Mude o ponto de vista

Após toda essa busca à inspiração, pense: o que eu faria diferente desses artistas? O que eu gosto de fazer que é diverso do que já tem sido feito? O que posso fazer que não seja ‘moda’ no momento?

Embora fale-se muito sobre estilo atualmente, o meu conselho é não se preocupar demais com isso. Desenhando sempre, e muito, o seu estilo próprio vai amadurecendo e você vai ver que as pessoas passarão a reconhecer o seu trabalho com o tempo. A paleta de cores que utiliza, a anatomia da figura humana, o tipo de papel, a técnica, entre outros aspectos do seu trabalho, tudo isso vai contribuir para criar a sua marca dentro do mundo artístico. 😘

O Sonho de se tornar Artista – 2

Como eu dizia na primeira parte dessa postagem, aqui, ao entrar para a Accademia di Belle Arti di Venezia, a jornada só estava começando.

No primeiro ano, tive História da Arte, onde estudamos principalmente a arte italiana. Foi muito interessante, pois ouvi sobre pintores que não são tão conhecidos no mundo afora. Também é interessante poder estudar sobre lugares que eram próximos e que podíamos visitar, como a casa da Peggy Guggenheim, em Veneza. As visitas aos museus italianos eram experiências em que parecia que eu estava dentro de um filme. Visitar lugares onde artistas estiveram, fizeram encontros e discutiram arte era algo que me deslumbrava…

Como as aulas eram em italiano, eu costumava gravar o professor falando, e depois, em casa, ficava até de madrugada repassando o que ele tinha falado para o caderno. Isso foi muito útil para lembrar do conteúdo como também para melhorar meu vocabulário, o que era indispensável, já que as provas eram orais e tínhamos que responder diretamente ao professor.

Também tivemos aulas de Técnicas Pictóricas, onde aprendemos várias técnicas, como aquarela, colagem, pastel, carvão, lápis de cor, sanguínea, acrílico, óleo, etc…

Na aula de Pintura, cada aluno era incentivado a seguir o seu próprio percurso. Éramos livres para decidir o que faríamos e a técnica. O professor ia de mesa em mesa para conversar com cada um e fazer comentários, sempre buscando o aperfeiçoamento. Tive pintura com o professor Eugenio Comencini. Abaixo uma obra dele.

 Eugenio Comencini
Nesse mesmo ano, tivemos Anatomia Artística, onde aprendemos a desenhar o corpo humano e as proporções. O professor também nos incentivou a desenhar o que desejássemos e trazer à aula para comentar. 

Esse desenho fiz da modelo, que neste dia preferiu ficar vestida. Curiosamente, fiz despretensiosamente, e à caneta, mas o resultado agradou muito ao professor, que deu destaque e o apresentou para toda a turma. 
Também tivemos outras disciplinas, como Gravura, onde fizemos xilogravura, calcografia, água forte, etc; Fenomenologia da Arte Contemporânea, onde aprendemos sobre Marcel Duchamp e os Surrealistas; Teoria da Percepção e Psicologia da Forma; Fotografia, que tivemos em dois anos. No primeiro ano não nos era permitido utilizar uma câmera digital. Somente a partir do segundo ano o professor começou a permitir. No início do ano tínhamos que escolher um tema e dali em diante fotografar o que fosse correlato. 
Além dessas e outras disciplinas, também tínhamos que apresentar uma tese. O tema era escolhido por nós, mas tinha que ser aprovado pelo nosso orientador. Eu escolhi o professor de Pintura como orientador. Fiz um estudo da arte brasileira, desde os tempos dos índios até o momento atual. O professor ficou muito feliz com a possibilidade de aprender mais sobre a arte brasileira. Para mim não foi tão fácil, já que na época havia pouca informação na internet. Tive que pedir à minha mãe para pesquisar livros e enviar para mim lá na Itália. (Rsrs…). Ainda bem que ela é uma pessoa muito animada e curtiu muito não só pesquisar, como também ler mais sobre a arte brasileira. 
No último dia de aula, apresentamos nossas teses diante da banca, alunos e familiares. Após o término fomos almoçar juntos, alunos, professores e diretor da Accademia di Belle Arti di Venezia. Não houve uma formatura como temos aqui no Brasil. Achei muito interessante a simplicidade. E é claro: a celebração terminou com muita pasta e vino. 😄
Não foi fácil estudar em outra língua, mas foi um grande aprendizado. Meu filho era pequeno e muitas vezes eu tinha que sair antes da aula ou chegar atrasada porque tinha que levar e pegar na escola. Mas é bom saber que superamos mais uma etapa e estamos prontos para outra. Que se nos dedicarmos, podemos atingir um objetivo que pouco tempo antes parecia muito difícil. Aprendemos também que nem sempre faremos algo perfeito, mas será o nosso melhor e que às vezes vamos surpreender a nós mesmos. Por isso, se você tem um sonho, não desista e faça seu plano. Isso fará com que dê passos para que esteja
cada dia mais perto de seu objetivo. E qual o melhor momento para começar? Bem agora. 😉 

O Sonho de se Tornar Artista

Antes de eu me tornar ilustradora, trabalhei como professora primária e também no departamento comercial de uma grande empresa. Vindo de uma família simples, não tinha condições de somente estudar, e comecei a trabalhar enquanto ainda fazia o ensino médio. Sou formada não somente em Pintura, mas também fiz magistério no Ensino Médio, sou graduada em Administração na UFPR, fiz uma pós-graduação em Marketing, também um curso de aperfeiçoamento em Metodologia do Ensino Superior, além de cursos de aperfeiçoamento em ilustração infantil.

Todos esses cursos foram muito enriquecedores, mas desde muito pequena sabia que o meu sonho era ser artista e ilustradora. Ser artista, principalmente no Brasil, é uma profissão que requer muito jogo de cintura. Certamente existem países onde o artista tem mais oportunidades, mas em nosso país temos que ser flexíveis.

Na Itália, onde me formei em Belas Artes, não é diferente. Lá os ilustradores sempre tem uma outra fonte de renda. Quem trabalha somente com ilustração geralmente depende de outra pessoa (marido, família) para complementar a renda. Outros dão cursos, oficinas, ensinam em universidades, ou fazem algum trabalho relacionado a artes. Há aqueles que participam de feiras, vendem seus livros, visitam escolas, enfim, sempre atuando na área, mas dificilmente ilustram em tempo integral. Pelo que tenho observado com meus colegas, é a mesma coisa aqui.

O trabalho em si é algo muito importante para o ser humano. Tanto que, se você perguntar a alguém o que aquela pessoa é, ou faz, ela vai responder dizendo a profissão dela. Na grande maioria das vezes, a nossa profissão nos define.

Em algumas profissões, somente se obtiver um diploma e muita experiência, você pode dizer que é aquele ‘título’. Porém, com o artista nem sempre é assim. Ser artista tem uma conotação especial. Mesmo antes de se formar, quando – e se – isso acontece, você pode dizer que é um artista.

Ser artista é ser apaixonado por fazer arte. Um artista está sempre fazendo arte: nos cadernos de escola, no verso de papéis do seu trabalho, nos finais de semana, nas paredes, no guardanapo do restaurante… 🙂

Então, mesmo que uma pessoa trabalhe o dia todo em outra profissão, ela ainda vai achar um tempo para fazer sua arte. Pode ser à noite, nos finais de semana, mas a sua mente está sempre ligada em algo relativo a arte.

Às vezes, a correria do dia a dia nos faz deixar nossos sonhos para depois. Mas isso não precisa ser assim. Nunca é tarde para correr atrás do seu sonho.

Há alguns anos eu mesma estava trabalhando em outra profissão, e com filho pequeno. Eu entrava na empresa às 7:40 e saía 17:50. Era muito longe do centro da cidade e levava quase uma hora de ônibus. Porém, apesar de ser desanimador, decidi que iria estudar arte e passei no vestibular em duas faculdades, uma federal e outra estadual. Optei por uma das faculdades e comecei a estudar. Não foi fácil conciliar tudo isso. Minha mãe pegava três ônibus para ficar com meu filho bebê em minha casa.

Assim que terminei o primeiro ano de Desenho, meu marido foi convidado para passar dois anos na Itália. Deixei a faculdade de Desenho e comecei a me informar em como poderia estudar lá. Mesmo sabendo que ficaria somente dois anos, sabia que um ano de estudo lá seria uma grande oportunidade.

Na Itália também não foi fácil. Não conhecia ninguém, a creche era somente para crianças a partir de 3 anos e tinha fila de espera por vagas. Meu filho tinha dois anos e o valor de escola particular era absurdo. No primeiro ano fiquei somente pesquisando sobre faculdades. A cidade em que morava era muito pequena e só tinha uma linha de ônibus, que funcionava poucas vezes por dia.

Na época a internet era novidade por lá e não consegui nenhuma informação online. Com o auxílio de colegas de meu marido, descobri que a 90km dali havia a Accademia di Belle Arti de Veneza. Viajamos, meu filho de 2 anos e eu, de trem para obter informações em Veneza. A cidade era maravilhosa, mas tudo muito complicado. Pegamos o vaporetto, que é um barco-ônibus, e consegui chegar na Accademia. Lá me deram informações contraditórias. Como eu era estrangeira, teria que me inscrever para o vestibular (esami di ammissione) através do consulado brasileiro. Os documentos tinham que ser traduzidos (juramentados) e consularizados. Pensei: como é que eu, estando aqui, vou enviar tudo para o Brasil a tempo?

O consulado italiano é sempre muito cheio e, com a ajuda de uma grande amiga, consegui entregar toda a documentação no consulado um dia depois de as inscrições estarem terminadas. Eu lá na Itália e ela aqui para me ajudar. Por graça divina, o consulado aceitou minha documentação um dia atrasada (porque o malote ainda não tinha sido enviado) e consegui me inscrever para fazer o vestibular. Um detalhe importante se você pretende fazer uma faculdade na Itália: eles só aceitaram minha documentação porque eu já era formada em um curso superior. Caso contrário, eu teria que fazer uma complementação de estudos antes de ingressar na faculdade.

Os exames de admissão consistiam em provas orais de História da Arte Italiana, um desenho livre e desenho de observação. Neste último tínhamos que desenhar a modelo (nua) que tinha vindo posar.

Como eu era estrangeira, fui dispensada do exame de História da Arte Italiana, mas fui entrevistada por uma banca que me fez outras perguntas.

Dias depois, quando vi que tinha sido aprovada, foi uma dos momentos mais felizes de minha vida. Porém, a jornada estava só começando…

Para não ficar muito longo, vou contar minha experiência na próxima postagem. 🙂